data-filename="retriever" style="width: 100%;">Belo livro agora em minhas mãos, A memória e o guardião, edição de 2020! Belo livro --- repito - escrito por Juremir Machado da Silva, gaúcho de Santana do Livramento. Vinte e dois anos mais moço do que eu, de repente, traz para junto a nós um amigo formidável, Jango Goulart! Vencendo o Tempo assumimos, os três, a mesma idade. Jovens, jovens mesmo, de verdade. Não me cansarei de dizer que o Tempo não existe, então, relembrei alguns fatos aos meus amigos Jango e Juremir. Eles sorriram, pedindo-me que dissesse tudo.
Tenho de ser breve, afirmei. Mesmo porque desejo publicar o que mais me encanta no Diário de Santa Maria e não posso ir além do espaço da minha coluna quinzenal...
Seu livro é formidável Juremir, mas relembrarei somente pedaços de minhas memórias - afirmei. O primeiro deles é a respeito de uma sessão solene do Congresso Nacional, em dezembro de 2013, que, simbolicamente, devolveu o mandato presidencial ao Jango, embora, ele já houvesse partido para o Céu no dia 6 de dezembro de 1976.
Muitos amigos ali, entre eles Michel Temer e Pedro Simon, além de Randolfe Rodrigues que, primorosamente, afirmou que "João Goulart estava no comando de suas atribuições e em pleno território nacional e, por isso, o presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, não poderia ter convocado arbitrariamente a sessão e muito menos ter declarado vaga a presidência".
E mais, nosso conterrâneo Pedro Simon, a afirmar que "(n)ão vamos reconstituir os fatos. A história apenas dirá que, naquele dia, o presidente do Congresso usurpou de maneira estúpida e ridícula a vontade popular depondo o presidente da República".
Tenho muito a contar, de verdade. Basta-me, agora, contudo lembrar que na madrugada de 1º de abril de 1964 Jango retornou a Porto Alegre e foi-se para a casa do então comandante do 3º Exército acompanhado por Brizola. Conversaram muito e Jango, iluminado pela prudência, voou com o general Assis Brasil para a Fazenda Rancho Grande, em São Borja, indo ao encontro de sua mulher e filhos e seguindo de avião para outro rancho, de onde se mandaram para asilo no Uruguai.
Vontade imensa de contar mais e mais, mas de repente, Jango relembrou-me que, embora ainda então se encontrasse no Rio Grande do Sul, no dia 2 de abril o Congresso Nacional declarou a vacância da presidência da República, entregando esse cargo ao presidente da Câmara dos Deputados.
- Uma loucura, disses-lhe eu.
Os dois, contudo, sorriram e me pediram que eu esquecesse o passado e me desse conta de que seremos amigos para sempre.